quinta-feira, 4 de julho de 2024

Sociologia e Desenvolvimento: A Teoria da Modernização

Nos anos 1990, uma nova teoria do desenvolvimento foi elaborada, para confrontar perspectivas segundo as quais os países subdesenvolvidos deveriam seguir os mesmos passos dos países desenvolvidos para alcançarem o desenvolvimento. Trata-se da Teoria da Modernização, ou Teoria Estrutural Funcionalista, que tem como um de seus principais formuladores o economista sul-coreano chamado Ha-Joon Chang (1963 – ).

Fonte da imagem: Forbes

Essa teoria também é chamada de Estrutural-Funcionalista, porque entende a desigualdade entre os países como inerente à estrutura do próprio capitalismo internacional. Essa estrutura é marcada pelas trocas desiguais entre os países do mundo. Isso quer dizer que, ao se relacionarem economicamente, alguns países sempre acumulam capitais às custas de outros. Como vimos anteriormente, os países do centro do capitalismo, com sua indústria, sua tecnologia avançada e seu sistema financeiro, levam a melhor nas relações com as nações da periferia do mundo, que fornecem matéria prima e mão de obra barata no mercado internacional.

Fonte da imagem: Brasil Escola

Ha-Joon Chang critica a perspectiva neoliberal, que defende a autorregulação dos mercados e a não intervenção do Estado na economia. Para ele, as políticas de livre comércio e de liberalização econômica, muitas vezes impostas pelas agências financeiras internacionais, como o FMI, o BID e o BIRD, aos países subdesenvolvidos que tomam empréstimos com elas, prejudicam o seu desenvolvimento, atrapalhando o seu crescimento industrial e econômico. Para que um país deixe o subdesenvolvimento, é necessário que seu Estado desempenhe um papel ativo na economia, implementando políticas industriais, concedendo subsídios e praticando tarifas protecionistas, com objetivo de proteger sua economia até que ele se torne competitivo no mercado internacional, e mesmo depois disso.

De acordo com Chang, foi exatamente isso que aconteceu com os países desenvolvidos. Em algum momento da sua história, eles fizeram exatamente o contrário do que pregam atualmente e ainda o fazem, para garantir a manutenção da sua posição de destaque no capitalismo internacional. Vale lembrar que foi a intervenção do Estado na economia e na assistência social que permitiu que os Estados Unidos superassem os efeitos da crise de 1929. Além disso, ainda hoje, esse país adota medidas de proteção das suas empresas, cobrando mais impostos de produtos importados que eles produzem e investindo pesadamente em pesquisa e inovação em universidades e agências públicas, como a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA).

Segundo a perspectiva de Chang, não existe um modelo único de desenvolvimento a ser seguido por todos os países, mas existem ações que podem ser praticadas à realidade de cada país. Para isso, é necessário levar em consideração as condições específicas de cada nação, a partir do estudo de sua história econômica. Por fim, o autor atribui grande importância às instituições econômicas, políticas e sociais no desenvolvimento de um país, argumentando que instituições fortes e eficazes são essenciais para que o crescimento econômico desenvolvimento mais amplo ocorra.

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