segunda-feira, 1 de abril de 2024

Sociologia e Desenvolvimento: As Contradições do Sistema Capitalista

O capitalismo é um sistema econômico, social, político e cultural que se desenvolveu e se consolidou a partir do Renascimento Comercial e Urbano europeus, da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. Sua ideia inicial era de que o desenvolvimento econômico trazido por ele acarretaria também democracia e liberdade política e bem-estar social, levando a humanidade ao progresso. Em certo ponto, esse progresso aconteceu. Algumas pessoas e países enriqueceram, a produção industrial alavancou o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, saímos do domínio das monarquias absolutas e conquistamos certa liberdade política, porém, observando mais a fundo, perceberemos que o capitalismo é um sistema altamente desigual.

Fonte da imagem: Nova Cultura

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2014, 1% da população mundial concentrava 40% das riquezas do planeta. Estudos apresentados no Seminário das Quintas, realizado pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2023 demonstraram que 28,3% da renda brasileira está concentrada nas mãos de 1% da população. Já o boletim Desigualdade das Metrópoles, emitido em 2023 pelo Observatório das Metrópoles do Laboratório PUCRS-Data Social e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL) apontou que, no ano anterior, os 10% mais ricos receberam 31 vezes o salário dos mais pobres das regiões metropolitanas brasileiras. Por fim, dados do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social mostram que, em 2021, apesar de ter a sétima maior economia do país, o estado da Bahia era o que concentrava mais pessoas vivendo em situação de pobreza ou de extrema pobreza.

Fonte da imagem: Rede Brasil Atual

Vemos então que o progresso prometido pelo capitalismo não chega a todas as pessoas. Mas por que isso acontece? Essa realidade se deve às características do próprio sistema que agora estudamos. O capitalismo baseia-se na propriedade privada dos meios de produção, ou seja, no monopólio do que é necessário para se realizar trabalho e produzir riqueza (terras, minas, fábricas, bancos) por uma pequena parcela da sociedade; na realização das atividades econômicas visando ao lucro dos empresários; no trabalho livre e assalariado, realizado por aqueles que não possuem os meios de produção; na divisão da sociedade em classes sociais, formadas por aqueles que possuem e aqueles que não possuem os meios de produção; na mecanização da produção econômica, seja ela industrial ou agrária; e na gestão racional dos negócios da cidade e do campo, segundo princípios da economia de mercado.

Outra característica importante do capitalismo é a sua tendência a passar por crises cíclicas. De tempos em tempos, a superprodução ou a especulação fazem com que os lucros baixem muito, gerando essas crises. A crise de 1929 aliou superprodução e especulação. Nos anos 1920, a produção industrial cresceu vertiginosamente nos EUA, gerando pleno emprego e fazendo com que as pessoas investissem na bolsa de valores, comprando ações a preços inicialmente baixos. Com muitas pessoas comprando as ações, seu preço se elevou. O aumento da produção não refletiu na elevação do salário dos trabalhadores, o que fez com que as pessoas não conseguissem comprar o que era produzido. Além disso, o povo estadunidense percebeu que a subida do preço das ações era maior do que o crescimento econômico real do país, o que os levou a tentar vender suas ações, ocasionando a crise que teve alcance mundial.

Fonte da imagem: Brasil Escola

Já a crise dos subprimes, de 2008, foi causada pela especulação. Os bancos dos Estados Unidos ofereciam empréstimos a juros baixos para a compra de imóveis. Esses empréstimos eram tomados mesmo por quem não tinha condições de pagar, que davam as suas casas como garantia. Como muitas pessoas pegavam os empréstimos para comprar imóveis, seus preços subiram, o que fez com que os bancos aumentassem os juros dos empréstimos. Com isso, aqueles que tinham pegado os empréstimos não conseguiram pagar as suas dívidas e os bancos ficaram sem dinheiro. Esses bancos dos Estados Unidos tinham vendido títulos da dívida para outros bancos ao redor do mundo e não conseguiram pagar a esses bancos, espalhando a crise para o mundo todo.

Fonte da imagem: Galoá

Outro fator que gera crise no capitalismo é a atual predominância do mercado financeiro. Nesse caso, investidores deixam de investir na indústria para investir no mercado financeiro, que oferece maior retorno. Com isso, as indústrias deixam de comprar máquinas e matérias-primas, além de deixarem de contratar novos funcionários e de demitirem os funcionários que já têm. A queda na produção gera queda nos lucros e o desemprego amplia a pobreza.

O planejamento econômico por parte do Estado é uma possibilidade de combate e de prevenção das crises do capitalismo. Por meio dele, os Estados definem estrategicamente quais setores da economia terão investimentos, muitas vezes atuando diretamente nesses setores. O planejamento econômico por parte do Estado tem lugar dentro do capitalismo, que foi o que aconteceu nos Estados Unidos após a crise de 1929; ou fora do capitalismo, que foi o que aconteceu na União Soviética entre a década de 1920 e 1990.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mais Visitadas