O Reino do Kongo foi formado pelo povo Bantu, no séc. XIV, a partir da unificação de vários principados que existiam no centro-oeste africano, ao sul do rio Congo, e ocupava o território dos atuais países do Gabão, da República do Congo, da República Democrática do Congo e de Angola. O povo Bantu é um dos mais expressivos de toda a África, ocupando a costa atlântica do continente, do Gabão até a África do Sul. Boa parte dos negros brasileiros vieram do Reino do Kongo, o que podemos observar no uso de muitas palavras de origem bantu, como samba, quitanda, cachimbo, curimba, bagunça, moleque, dentre outras.
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Considera-se que o reino foi fundado por Nímia Lukeni, que unificou os principados bantu da região e se tornou seu primeiro Mani Kongo, ou rei. Ele era formado por várias províncias, cada uma chefiada por um líder local, e sua capital era chamada inicialmente de M'Banza Kongo, de onde o Mani Kongo governava. A unidade do reino era mantida pelos impostos que as províncias e as aldeias vizinhas pagavam à M'Banza Kongo e ao domínio militar que a capital exercia sobre elas.
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Após a unificação, o Reino do Kongo se expandiu a partir de conquistas militares que tinham como objetivo principal a aquisição de escravizados para o comércio regional. Seu apogeu foi alcançado no séc. XVI, quando chegou a ter mais de dois milhões de habitantes.
Sua população trabalhava com a
agricultura, para a produção de alimentos como sorgo, cereais e tubérculos.
Também dominava a forja de ferro e de cobre, para a fabricação de ferramentas,
utensílios e esculturas. Além disso, o reino tinha uma importante produção de
tecido de ráfia.
O comércio do Reino do Kongo já
era desenvolvido antes da chegada dos europeus no continente africano. Seus
mercadores vendiam marfim, cobre, sal, couro, tecido de ráfia e escravizados. A
chegada dos portugueses na região impulsionou ainda mais o comércio do reino. Nas
transações estabelecidas com os recém-chegados, forneciam suas mercadorias,
principalmente escravizados, e compravam deles roupas de algodão, seda,
porcelana, espelhos, facas e miçangas de vidro.
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Suas relações com os portugueses eram inicialmente amistosas. Além do comércio, as duas partes estabeleceram relações religiosas e diplomáticas. No séc. XVI, o Mani Kongo Mvemba a Nzinga se converteu ao catolicismo junto com sua família e a nobreza do reino, assumindo o nome Afonso I com o batismo. Nesse momento, a capital do reino foi renomeada para São Salvador. Afonso I trocou cartas com dois reis portugueses, Dom Manoel I e Dom João III. Nessas cartas, tratava com a coroa portuguesa sobre religião, política e comércio de escravizados. O filho de Afonso I, Henrique Kinu a Mvemba, foi enviado a Portugal, onde cursou o seminário e tornou-se padre e posteriormente foi nomeado como o primeiro bispo africano da Igreja Católica.
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A partir da metade do séc. XVI,
os portugueses, que compravam escravizados das mãos dos Mani Kongo, começaram
eles mesmos a capturar seres humanos na região para vende-los no mercado internacional.
Além disso, eles queriam dominar as minas de cobre do Reino do Kongo. Por sua
vez, os reis do Kongo quiseram eliminar a intermediação dos portugueses, montar
sua própria frota naval e vender diretamente seus produtos na Europa. Esse
conflito de interesses degradou as relações entre os dois reinos. Com isso, os
portugueses passaram a incentivar as disputas internas no Reino do Kongo. Além
disso, no séc. XVII, o Kongo começou a sofrer invasões de reinos vizinhos. Como
resultado, a monarquia caiu em 1655 e o território do reino foi conquistado no séc.
XIX pelo imperador Leopoldo II, da Bélgica.
Na cultura do Reino do Kongo,
destacava-se a sua arte, que era variada e rica. Seus artistas produziam
esculturas em forma humana, de metal e madeira; peças de cerâmica, como panelas,
vasos e objetos religiosos; roupas e tapeçaria bordadas; além de joias de
contas, marfim e metais preciosos.
Fonte da imagem: Rede Angola |
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