terça-feira, 15 de outubro de 2024

Sociologia e Meio Ambiente: Um Início de Conversa

A Sociologia passou a se preocupar com as questões ambientais a partir do momento que elas passaram a intervir diretamente na vida humana, tornando-se questões socioambientais, e motivaram a atuação de diversos movimentos sociais ambientalistas ao redor do mundo. Esses movimentos sociais denunciaram a relação entre a degradação ambiental e o desenvolvimento científico e tecnológico do capitalismo, relação essa que veio a ser comprovada pela Sociologia Ambiental.

Fonte da imagem: 123 Ecos

Os estudos sociológicos sobre o meio ambiente se intensificaram a partir da década de 1980. Inicialmente, esses estudos focalizavam o prejuízo trazido pela modernização capitalista a populações que adotam técnicas tradicionais de produção. Com o tempo, eles passaram a se ocupar também da contradição existente entre a degradação ambiental provocada pelo desenvolvimento capitalista e a ideia de o desenvolvimento tecnológico traria a emancipação do ser humano. Os estudos de Sociologia Ambiental demonstraram que elevado consumo de recursos naturais pelas indústrias, a elevação da produção de lixo, a poluição do ar e da água e os prejuízos ambientais e sociais provocados pela produção de energia não afetam igualmente todos os grupos sociais, assim como os benefícios do desenvolvimento tecnológico e econômico do capitalismo não são compartilhados com todos.

A Sociologia Ambiental desvela dois tipos de desigualdades provocadas pelas questões socioambientais. Primeiramente, temos as desigualdades em nível global, que acontecem quando empresários de países centrais, que têm legislação ambiental mais rígida, abrem indústrias em países periféricos, que possuem leis ambientais mais flexíveis. Em segundo lugar, temos as desigualdades locais, que ocorrem quando populações tradicionais de um país são mais afetadas pelas questões socioambientais do que a sociedade abrangente. Dentre essas populações, podemos destacar moradores de favelas, povos indígenas, comunidades quilombolas, comunidades ribeirinhas e caiçaras. Como esses grupos são formados majoritariamente por indígenas, negros ou mestiços desses grupos com brancos, temos o conceito de racismo ambiental para representar o maior prejuízo que eles sofrem com as questões socioambientais.

Fonte da imagem: Clima Info

Os movimentos ambientalistas ganharam mais força a partir do final da década de 1960. Isso chamou a atenção da ONU, que realizou uma série de iniciativas para tratar dessas questões, como a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e o Meio Ambiente (Eco 92), realizada em junho de 1992, no Rio de Janeiro, e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), realizada em junho de 2012, também na cidade carioca. A atuação da ONU em relação ao meio ambiente também foi motivada pela constatação da Sociologia Ambiental de que as questões socioambientais não são localizadas, mas interferem em todo o planeta, como podemos ver com as mudanças climáticas e suas consequências, como o El Niño.

Em todo esse contexto, a Sociologia Ambiental se dedica ao estudo dos conflitos sociais que vêm da desigualdade de acesso e de fruição dos recursos naturais e da relação entre os problemas ambientais e o modelo socioeconômico capitalista. Nesse sentido, a Sociologia dialoga com outras áreas do conhecimento, como a Antropologia, a Economia e a Ecologia.

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