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A Alemanha em que Max Weber (Alemanha, 1864 a 1920) viveu tinha uma atmosfera intelectual diferente daquela da França de Durkheim. No contexto alemão, não era o positivismo que dominava as ideias, mas o romantismo e o idealismo.
Weber, a partir da tradição romântica e idealista, diferencia natureza e sociedade ao afirmar que esta é mais complexa do que aquela. Isso quer dizer que, geralmente, cada fenômeno natural possui menos causas do que um fenômeno social. Por exemplo, eu posso explicar a chuva pela evaporação da água de lagos, rios e mares e pela condensação desse vapor, que assumiu a forma de nuvem. Por outro lado, eu não posso explicar a violência e a criminalidade apenas pelas condições socioeconômicas dos criminosos. Os fenômenos sociais são, então, multicausais (possuem várias causas), por isso, são mais complexos que os fenômenos naturais.
Para Weber, a realidade social é complexa e caótica. Isso porque muitas coisas acontecem ao mesmo tempo e porque a sociedade desperta nos indivíduos interesses, crenças, opiniões, opiniões e valores que se modificam constantemente. É por priorizar em sua análise as ações individuais que o método do autor foi chamado de individualismo metodológico.
Se a sociedade é diferente da natureza, as Ciências Humanas também dependem de um método próprio para a produção de conhecimento, sendo esse método diferente daquele das Ciências Naturais. Uma dessas diferenças é que as Ciências Humanas de um modo geral e a Sociologia em particular não deve explicar a sociedade (buscar suas leis), mas compreender as ações dos indivíduos (o porquê de os indivíduos agirem da maneira que agem). Por isso, Weber chamou seu método de método compreensivo.
De acordo com Weber, o objeto da Sociologia é a ação social. Esta é a ação que um indivíduo realiza para outro. O indivíduo que faz a ação já espera uma resposta ou uma reação do outro e leva isso em conta na sua ação. Por fim, essa ação tem um sentido, um significado. Esse sentido é dado pelo sujeito que pratica a ação e compreendido pelo sujeito que a recebe, já que tal sentido vem do contexto social no qual os indivíduos que interagem estão inseridos.
Se a sociedade é complexa e caótica, não é possível aos sociólogos apreender a sua totalidade e abordá-la diretamente. Por isso, é necessária a elaboração do que Weber chamou de tipos ideais, que são modelos teóricos construídos a partir do destaque de elementos da realidade que chamam mais a atenção dos sociólogos. Esses modelos serão comparados depois com a realidade nos vários contextos sociais.
É assim que Weber elaborou os quatro tipos de ação social, que são: 1) a ação racional com relação a fins, na qual o indivíduo escolhe o melhor caminho (meio) para atingir seu objetivo (fim) seja qual for esse caminho; 2) a ação racional com relação a valores, na qual o sujeito escolhe o meios que estão de acordo com os seus valores (o que considera como certo e errado) para alcançar seu fim; 3) a ação tradicional, na qual o indivíduo sempre age daquela maneira, por tradição, sem refletir o porquê disso; e 4) a ação afetiva, na qual o sujeito age tendo como base seu sentimento ou sua emoção do momento da ação. São tipos ideais de ação social, porque nenhuma ação é puramente racional, tradicional ou afetiva, mas geralmente combina uma ou outra dessas características. São os sociólogos que vão definir qual ação é mais racional, tradicional ou afetiva na hora de construir suas análises.
É importante destacar que, para Weber, racionalidade é a consideração dos fins e dos meios antes de se realizar uma ação. Desse modo, uma ação racional é uma ação na qual eu calculo meus objetivos e os caminhos que preciso seguir para alcançá-los.
Outra diferença entre a Sociologia de Weber e a de Durkheim é que, enquanto o sociólogo francês defendia uma Sociologia neutra, ou seja, totalmente livre de valores, o sociólogo alemão afirmava que a neutralidade não existe. O que é possível produzir, de acordo com Weber, é uma Ciência Humana objetiva, ou seja, na qual os valores do sociólogo aparecem, principalmente na escolha de seu tema de pesquisa, mas não enviesam a análise, caso o cientista social observe rigorosamente o método científico.
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