sexta-feira, 29 de abril de 2022

As Principais Formas de Produção do Conhecimento


Fonte da imagem: Blog Miríade Digital
  • Os seres humanos vivem em um mundo que é ao mesmo tempo natural e social, ou seja, é formado pela natureza e por outras pessoas. Para sobreviver nesse mundo, precisam entendê-lo e transformá-lo. É para isso que produzimos o conhecimento. O conhecimento é uma forma de compreender e agir sobre o mundo. É a ferramenta que utilizamos para isso. Ele envolve a realidade objetiva (que é como o mundo se apresenta para nossos sentidos) e a realidade subjetiva (que é a maneira com que cada um de nós percebe esse mundo).

  • Existem várias formas de produzir conhecimento, e todas elas nos ajudam a entender e a viver no mundo. Não consideramos que haja uma hierarquia entre essas formas, desse modo, a ordem em que elas são apresentadas a seguir não significam menor ou maior importância.

 

      1.   O Pensamento Religioso

  • Foi a primeira maneira de produzir conhecimento que os seres humanos desenvolveram. Ele explica o mundo a partir da vontade e da ação de uma ou mais divindades. Busca responder às grandes questões da humanidade: como o mundo funciona (a chuva, o crescimento das plantas e dos animais)? De onde viemos? Para onde vamos?

  • Baseia-se na fé nas divindades e na crença em um mundo que vai além do que podemos ver ou tocar (transcendental). As divindades habitam esse mundo transcendental, mas agem no nosso mundo, fazendo as coisas acontecerem.

  • O pensamento religioso também considera a ideia de revelação e mistério. Mistério é aquilo que as divindades nos permitem conhecer, mistério é aquilo que elas ocultam de nós. Desse modo, o conhecimento que temos sobre o mundo nos é dado pelas divindades.

  • O pensamento religioso é inquestionável, pois, se são as divindades que revelam o conhecimento a nós, questionar esse conhecimento significa questionar a própria divindade. Além disso, ele produz verdades absolutas, que não mudam, mas são as mesmas em qualquer tempo e em qualquer lugar.

  • Foi dominante até o surgimento do pensamento científico, mas continua tendo espaço em várias sociedades, como a nossa.

 

      2.   O Pensamento Filosófico

  • Busca responder às mesmas questões que o pensamento religioso. O pensamento filosófico surge do religioso e tem alguma proximidade com ele, apesar de ser independente dele

  • Parte da razão e não da fé. Para o pensamento filosófico, não existe revelação ou mistério. Ele entende que os seres humanos, por esforço próprio e utilizando a razão, podem conhecer todas as coisas. Aquilo que não conhecemos hoje, podemos conhecer amanhã.

  • O pensamento filosófico é metódico e sistemático, ou seja, ele prescreve que, para produzir o conhecimento, o pensamento deve seguir um caminho determinado (método) e que as ideias produzidas devem ser organizadas também seguindo a uma lógica, ligadas umas as outras, formando um sistema de pensamento.

  • Preza pela reflexão, pela argumentação, pelo debate, mas suas conclusões não precisam de testes ou de experiências.

  • Produz verdades provisórias. Por meio da reflexão, da argumentação e do debate, as conclusões a que chegamos pelo pensamento filosófico podem se modificar.

 

      3.   O Pensamento Científico

  • O pensamento científico veio do pensamento filosófico. A Filosofia englobava, inicialmente, a totalidade do conhecimento humano. Porém, a partir do séc. XVII, vários campos do conhecimento deixaram a Filosofia e constituíram-se como ciências autônomas. Isso aconteceu na perspectiva de conhecer a natureza com a intenção de dominá-la, por isso, as primeiras ciências a se desenvolverem foram as Ciências Naturais. O desenvolvimento científico ocasionado pelo surgimento das ciências modernas foi muito importante para o desenvolvimento tecnológico que marcou a Revolução Industrial no séc. XVIII.

  • Assim como o pensamento filosófico, o pensamento científico é racional, metódico e sistemático. O método científico combina observação e experimentação, por isso dizemos que o pensamento científico também é experimental, ou seja, produz o conhecimento por meio de experiências e/ou pesquisas.

  • Procura entender as causas e as consequências dos fenômenos naturais e sociais, bem como visa à aplicação prática dos seus resultados, por meio do desenvolvimento de tecnologias e produtos os mais variados.

  • Também produz verdades provisórias, pois as condições de produção do conhecimento científico se modificam constantemente. Novas condições de produção desse conhecimento podem possibilitar novas descobertas que venham a contradizer os resultados das que a Ciência considerava corretos.

 

      4.   O Senso Comum

  • Diferente dos pensamentos apresentados anteriormente, o senso comum é o menos sistematizado, por ser o mais espontâneo.

  • O conhecimento do senso comum é aquele produzido pelas experiências práticas do nosso dia a dia. Por exemplo, sabemos que, quando fervemos a água para preparar um macarrão instantâneo, a água borbulha e transborda; sabemos que se andarmos à noite numa rua escura e deserta com um celular na mão, podemos ser assaltados.

  • Geralmente recorremos ao senso comum para respondermos a questões importantes e urgentes da nossa vida, que não nos permitem uma reflexão mais aprofundada ou fazer uma experiência de laboratório ou uma pesquisa. Quando estamos com fome, não temos como fazer cálculos físicos e medir a temperatura da água antes de colocar nela o macarrão; para nos prevenirmos de um assalto ao sair hoje à noite na rua, não temos como coletar todos os dados sobre violência e criminalidade do local por onde precisamos andar.

  • Mesmo sendo mais espontâneo e menos rigoroso que o conhecimento filosófico ou o científico, o senso comum é muito importante e é a ele que mais recorremos para agir em situações importantes da nossa vida cotidiana.

 

      5.   A Sociologia como Pensamento Científico

  • Vimos que a Ciência é uma forma de produção de conhecimento racional, sistemática, metódica e experimental que produz verdades provisórias sobre o mundo. Devido à vastidão desse mundo, que ao mesmo tempo é natural e social, é impossível para um só cientista estudar todo esse mundo. Por isso, existem as especializações e as divisões da Ciência.

  • A primeira dessas grandes divisões é a que existe entre as Ciências Naturais e as Ciências Humanas. As Ciências Naturais dão conta da natureza e busca nelas regularidades (que chamamos de leis), além de tentar prever seus fenômenos. Já as Ciências Humanas estudam a ação do ser humano no mundo. Como os seres humanos possuem desejos, vontades e opiniões que se modificam, entende-se que as Ciências Humanas não podem buscar leis e previsibilidade, pois isso não existe nas sociedades humanas como há na natureza.

  • Dentro das Ciências Humanas, existem as três Ciências Sociais. Cada uma delas estuda uma parte, um pedaço da sociedade: 1) a Sociologia, que estuda as relações sociais (maneiras pelas quais nos relacionamos uns com os outros dentro da nossa sociedade) e as instituições sociais (tipos de relações sociais duradouras, prolongadas e regidas por regras e normas, como família e escola); 2) a Antropologia, que estuda as culturas na sua diversidade (ou seja, as várias maneiras nas quais os vários grupos humanos vivem no mundo); e 3) a Ciência Política, que estuda as relações de poder e dominação (relações baseadas na obediência forçada ou consentida) e as instituições políticas (instituições formadas pelas relações de poder e dominação).

  • As Ciências Sociais, como toda a Ciência, são racionais, sistemáticas, metódicas, experimentais e produzem verdades provisórias sobre o mundo social. No Ensino Médio, a disciplina chamada de Sociologia contempla as três Ciências Sociais apresentadas anteriormente.

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